Prática fisioterapêutica baseada em evidências

Texto retirado do Blog do Professor Carlos Lucena, onde encontram-se tambem disponíveis para download monografias e trabalhos orientados por ele, relacionados a area de Eletrotermofototerapia.


Não se admite mais a ação fisioterapêutica localizada e restrita ao diagnóstico do encaminhamento médico. O fisioterapeuta é o profissional da área da saúde que mais tempo passa acompanhando o paciente. Esse fato lhe dá a oportunidade de detectar, às vezes com precocidade, a presença de doenças até então insuspeitadas pelo paciente e pelo médico que fez o encaminhamento.

Torna-se cada vez mais freqüentes achados de hipertensão arterial, diabetes, doenças respiratórias, obesidade e outros achados. Pacientes encaminhados com traumatismos articulares, seqüelas de doenças degenerativas ou quadros inflamatórios sem grandes repercussões para sua economia orgânica, inúmeras vezes, ao exame fisioterapêutico inicial, mostra-se portador de um quadro hipertensivo sem incômodos evidentes ou exacerbação de sua taxa glicêmica.

O fisioterapeuta não deve se contentar em avaliar e tratar apenas a pessoa portadora do quadro clínico imediato que o levou a procurar cuidados médicos. Em todas as sessões fisioterapêuticas deve-se medir sua pressão arterial e, pelo menos na avaliação inicial, verificar seu nível glicêmico, principalmente se houver história de parentes em primeiro grau que apresentem alterações significativas nesses indicadores.

A avaliação do índice de massa corporal e os diâmetros abdominais também não devem ser esquecidos, para se poder caracterizar os estados de sobrepeso, obesidade simples e obesidade mórbida. Alguns minutos dedicados a esses exames podem representar uma atitude importante na preservação de uma boa qualidade de vida para o paciente.

Uma tenosinovite, um ombro congelado ou um joelho instável podem representar quadros clínicos incômodos para o paciente, mas em nenhum deles a pessoa corre risco de um desfecho fatal. No entanto descobrir com precocidade que o paciente é portador de uma hipertensão arterial ou de um quadro de diabetes poderá livrá-lo de amputações dos membros inferiores, retinopatia diabética, nefropatias, acidentes vasculares cerebrais ou infarto do miocárdio.

É absolutamente necessário que o fisioterapeuta esteja habilitado a executar e interpretar os dados oferecidos pela avaliação dos sinais vitais. Os conhecimentos transversais de clínica o auxiliarão a evitar as perigosas seqüelas advindas de alterações metabólicas e degenerativas e fundamentarão um programa fisioterapêutico voltado para o alívio ou resolução desses quadros clínicos e o encaminhamento do seu paciente aos colegas médicos das várias especialidades, para iniciarem e acompanharem o tratamento a ser prescrito por eles juntamente com a fisioterapia.


Sabendo-se, através de dados epidemiológicos nacionais, que a hipertensão arterial e a Diabetes mellitus representam na atualidade quadros nosológicos da mais alta preocupação em virtude de sua prevalência dentro da população e levando-se em consideração que a população brasileira que apresenta idade superior a 60 anos, cresceu em mais de 240% nos últimos 10 anos, fica claro que o fisioterapeuta, pelo tempo que vai passar junto ao paciente, ganha uma importância significativa como agente de saúde que pode surpreender o início de uma doença ou sua recidiva e fazer o encaminhamento devido do paciente para os especialistas médicos das diversas áreas envolvidas.

Este deve ser o comportamento do fisioterapeuta frente às evidências epidemiológicas para embasar seu programa de tratamento.


Carlos Lucena

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