Por: Giovanna Sampaio (Diário do Nordeste)
Todas as alterações que ocorrem no organismo necessitam de uma compensação em outro local para neutralizá-la. Uma tensão alterada em um local causa uma sobrecarga em outra área. Este peso excedente também requer uma nova compensação em um terceiro local. Isso se segue até que uma última mudança não possa ser mais equilibrada.
Ao torcer o pé, músculos, ligamentos e outras estruturas são estirados, levando a alterações articulares e ósseas. Modificações no posicionamento de ossos e articulações promovem mudanças no nível de tensão de estruturas próximas, levando a pessoa a adotar novas formas de “pisar”, apoiar e distribuir a carga corporal.
Se não tratada corretamente, a entorse inicial poderá desestruturar toda a globalidade do corpo, mudando o posicionamento de joelhos, quadril, coluna lombar e cervical. Ao atingirem a região do pescoço, essas compensações estiram a musculatura, promovendo um novo padrão de tensionamento (dores de cabeça). Alterações no posicionamento das vértebras cervicais podem comprometer a irrigação sangüínea do ouvido interno, levando o paciente a sofrer problemas de equilíbrio, náuseas, entre outros tantos sintomas que comprometem a qualidade de vida.
Tal desfecho para uma simples torção de tornozelo é mais freqüente do que se supõe. Inúmeras patologias têm em comum a ação de forças provocadas por um desequilíbrio do sistema postural. “Compreender este sistema e seus diferentes captores (aparelho vestibular, visão, articulação temporomandibular e os pés) nos permite atuar na sua reprogramação, a partir de seus captores alterados”. É o que explicam os fisioterapeutas (com formação em Podoposturologia), Alexandre Vitorino, Mylza Rosado, Rafael Fernandes Temoteo e Stênio Maciel Angelim. Eles integram a Clínica Posture, especializada em Terapia Manual e Podoposturologia e pioneira na disponibilização deste serviço no Estado. De origem francesa, as técnicas já são bastante difundidas na Europa e nas regiões Sul e Sudeste do Brasil.
Dentre as inúmeras indicações para o uso de palmilhas posturais (confeccionadas sob medida), estão as dores localizadas na região de ante e médio pé (as metatarsalgias), além de alterações em tornozelos e pés, a exemplo de calcâneos varos e valgos, pés planos e cavos. A Podoposturologia também promove resultados bastante satisfatórios em dores relacionadas a joanetes (hálux valgo), assim como na região do joelho e coluna.
Rafael Temoteo lembra que, inicialmente, tudo o que se sabia sobre alterações posturais e suas relações com os pés tinham uma linha de raciocínio e tratamento puramente mecânicos. Segundo ele, a Podoposturologia inseriu os conhecimentos de neurofisiologia e biomecânica no processo de prevenção e tratamento de alterações posturais e do equilíbrio. “A planta dos pés é bastante sensível, reconhecendo alterações de pressão em torno de um grama”, afirma.
PROCESSO - Stênio Angelim explica que a avaliação podoposturológica é a alma do tratamento. Além do histórico, é realizada a Avaliação Postural Computadorizada (APC), que consiste na análise postural do paciente mediante fotos digitalizadas e a utilização de um moderno software de postura. Também é feita uma Avaliação Podoscópica, mediante o uso de um podoscópio, aparelho que permite a visualização imediata dos pontos de contato plantar com o solo (imprescindível no diagnóstico de alterações do arco plantar).
Segundo os fisioterapeutas, as palmilhas posturais termomoldáveis devem ser confeccionadas e utilizadas em calçados confortáveis e fechados, como tênis, sapatos sociais masculinos e sapatos e sapatilhas femininas fechadas. O uso de palmilha em sandálias e chinelos não permite a correta atuação neurofisiológica, por não permanecer adequadamente posicionada. Na maioria dos casos, o uso é provisório. Há problemas que são solucionados entre 45 dias a 6 meses, médio (6 meses a 1 ano) e mais longo (1 a 3 anos). Em apenas cerca de 10% dos casos, o uso de palmilhas é necessário de forma continuada. Após a reprogramação postural, o paciente deve adequar seu dia-a-dia, reeducando seus hábitos posturais e de conduta nas atividades diárias. Isso é feito simultaneamente ao uso das palmilhas e enfatizado após a alta terapêutica.
No mercado, estão disponíveis palmilhas de inúmeros materiais e formas, com todos os tipos de indicações. O diferencial entre as palmilhas comuns e as confeccionadas na Posture está na adequação do produto às características e necessidades inerentes a cada paciente, assim como ao material empregado. São feitas em etilvinilacetato, elemento resistente a cargas elevadas, maleável, de espessuras variáveis (de 1 a 6 milímetros). Com uso diário, a durabilidade chega a mais de dois anos.
Giovanna Sampaio
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